O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, no discurso a 16 governadores e dois vice-governadores que apóiam o governo, que aprendeu como lição, no primeiro mandato, que não se deve convidar amigos, mas pessoas qualificadas para ocupar cargos no governo. "Montar um governo é 50% do sucesso de governar. Convidar alguém para ocupar um cargo é muito fácil. Agora, tirar alguém, é muito difícil", afirmou.
Como "conselho" aos governadores em primeiro mandato, Lula disse que não se deve ter uma relação de amizade no momento de montagem do governo. "Nesta hora, a relação é de chefe de Estado e temos de convidar as pessoas mais qualificadas para as funções de que o Estado brasileiro precisa", disse.
"Ao invés de procurar apenas um amigo, procure aquele que está procurando uma chance". Lula disse que mesmo nos Estados pobres ou ricos existem gênios com qualificação. "Eu aprendi uma lição: a máquina pública, quanto mais pessoas eficientes e qualificadas tiver, mais fácil será para o governante governar". Nos dois primeiros anos de governo, Lula foi criticado ao privilegiar petistas derrotados em eleições estaduais.
Em reunião nesta quinta com a Executiva do PTB, Lula confirmou a permanência do petebista Walfrido Mares Guia no Ministério do Turismo, no segundo mandato de seu governo. A manutenção de Mares Guia no cargo foi anunciada pela bancada de deputados federais do partido. O líder da bancada do PTB na Câmara, José Múcio (PE), disse que os parlamentares do partido ofereceram apoio ao governo.
O presidente do PTB é o ex-deputado Roberto Jefferson, pivô da crise do mensalão, que resultou na queda de toda a direção do PT e de ministros influentes do governo no decorrer de 2005.
Ministério e coalizão
Lula também afirmou aos governadores que, antes de montar um novo ministério, vai discutir o tipo de política de coalizão que pretende praticar a partir de 2007.
Ele anunciou que, na próxima semana, vai conversar com o PDT e o PV e procurar também o PPS (agora fundido com PH e PMN sob a sigla "MD"), "a não ser que alguém não queira conversar". Lula não citou o nome do PPS, mas um dos principais líderes desse partido, o deputado Roberto Freire (PE), é da oposição. "Quando um não quer dois não conversam", disse.
O presidente voltou a anunciar que vai conversar também com líderes do PSDB. Citou os senadores Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissatti (CE). "Não há mais governo de oposição nem de situação. A relação republicana mostra que temos que nos relacionar independentemente dos partidos, da disputa política, da ideologia", afirmou Lula, acrescentando que esses fatores deixaram de existir a partir da apuração do resultado das eleições. "E agora somos todos responsáveis", afirmou.
Lula afirmou que espera contar com a participação de todos os 27 governadores do País na próxima reunião (prevista para janeiro).
Reforma Tributária e Meio Ambiente
O presidente reconheceu que não conseguiu fazer uma reforma tributária em parceria com os governadores, no primeiro mandato e que espera agora levar à frente a proposta que está no Congresso. "Se alguém quiser fazer oposição a mim, faça na eleição de 2010, quando eu não serei candidato. E se eu tiver de fazer oposição, eu também deixo para fazer em 2010", afirmou.
Lula disse que trabalha há 15 dias em análise de medidas para acelerar o crescimento. "Não adianta a imprensa ficar curiosa para sabe o que vamos destravar. O que não pode é a União, os Estados e as prefeituras não terem capacidade de investimento", disse.
Lula também criticou a legislação ambiental que estaria impedindo o andamento de obras, especialmente na Região Norte.
Ele citou o gasoduto Quari-Manaus, que teve as obras interrompidas por causa de uma liminar na Justiça. Lula chamou de "penduricalhos" os encargos ambientais. "O País está travado na área ambiental por causa da legislação e do excesso de abusos". Ele avaliou que o Congresso, o TCU, o governo e o Ministério Público têm que melhorar as relações para garantir o andamento das obras.
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