quarta-feira, outubro 04, 2006

ACM e a verdade sobre o Bolsa-Família

Pode-se não gostar de Antonio Carlos Magalhães, por seus métodos truculentos do pior coronelismo e por sua presunção de se apresentar como paladino da moralidade — a surra que ele acaba de levar é resultado, em parte, de sua soberba e do envelhecimento de sua oligarquia.
Sua derrota significa, em minha opinião, uma oxigenação para a política baiana. Mas seria intelectualmente desonesto deixar de reconhecer um fato irrefutável: sem ACM, os programas de renda mínima, ou seja, o Bolsa-Família não teriam ido tão longe.
Pergunte-se a qualquer pessoa que tenha acompanhado os bastidores dos programas sociais brasileiros e ninguém deixará de reconhecer que, graças a ACM, o bolsa-escola deixou de ser uma experiência piloto, iniciada em Brasília e Campinas, para se transformar numa política pública nacional.
Isso porque o senador liderou o movimento, no Congresso, para a criação de um fundo contra a pobreza. Desse fundo, surgiu o financiamento para o bolsa-escola, do Ministério da Educação, e, em menor escala, para o cartão-alimentação, do Ministério da Saúde; ambos, foram a base do Bolsa-Família, que hoje chega a 11 milhões de pessoas de família, indiretamente a cerca de 40 milhões de pessoas.
O que Lula fez foi apenas ampliar e melhorar o que já estava aí, o que lhe garantiu boa parte de seu prestígio, especialmente no Nordeste e, ironicamente, o ajudou a derrotar ACM — aliás, seu cabo eleitoral na eleição passada.

De Gilberto Dimenstein na Folha

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