quarta-feira, novembro 05, 2008

"Oi, Chicago. Se alguém ainda duvida que a América é um lugar onde tudo é possível, ainda pergunta se o sonho dos pioneiros ainda estão vivos em nossos tempos, ainda questiona o poder da nossa democracia, esta noite é sua resposta. É a resposta das filas que cercaram escolas e igrejas em números que essa nação nunca havia visto. Das pessoas que esperaram três horas e quatro horas, muitas pela primeira vez em suas vidas, porque acreditavam que desta vez precisava ser diferente, que as suas vozes podiam fazer diferença. É a resposta de jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, índios, gays, heterossexuais, deficientes e não-deficientes. Americanos que enviaram uma mensagem ao mundo de que nós nunca fomos somente uma coleção de indivíduos ou uma coleção de Estados vermelhos e azuis. Nos somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América. É a resposta que recebeu aqueles que ouviram - por tanto tempo e de tantos- para serem cínicos, medrosos e hesitantes sobre o que poderiam realizar para que coloquem a mão no arco da história e torçam-no uma vez mais, na esperança de dias melhores.

Faz muito tempo, porém, nesta noite, por causa do que fizemos nesse dia de eleição, nesse momento decisivo, a mudança chegou à América. Um pouco mais cedo nesta noite, recebi um telefonema extraordinariamente gracioso do senador McCain. Ele lutou muito e por muito tempo nesta campanha. Ele lutou ainda mais e por ainda mais tempo por esse país que ele ama. Ele enfrentou sacrifícios pela América que a maioria de nós nem pode começar a imaginar. Nós estamos melhores graças ao serviços desse líder bravo e altruísta. Eu o parabenizo e parabenizo a governadora Palin por tudo que eles conquistaram. Eu estou ansioso por trabalhar com eles e renovar a promessa dessa nação nos próximos meses. Eu quero agradecer meu parceiro nessa jornada, um homem que fez campanha com o coração e que falou para os homens e mulheres com os quais cresceu, nas ruas de Scranton, e com os quais andou de trem a caminho de Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

E eu não estaria aqui nesta noite sem a compreensão e o incansável apoio da minha melhor amiga dos últimos 16 anos, a rocha da nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama dessa nação, Michelle Obama. Sasha e Malia ñfilhas de Obamaí eu as amo mais do que vocês podem imaginar. E vocês mereceram o cachorrinho que irá morar conosco na nova Casa Branca. E, embora ela não esteja mais entre nós, eu sei que minha avó está assistindo, ao lado da família que construiu quem eu sou. Eu sinto falta deles nesta noite. Eu sei que minha dívida com eles está além de qualquer medida. Para minha irmã Maya, minha irmã Alma, todos os meus irmãos e irmãs, muito obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a eles.

E agradeço ao meu coordenador de campanha, David Plouffe, o herói anônimo da campanha, que construiu o que há de melhor - a melhor campanha política, penso, da história dos EUA. Ao meu estrategista-chefe David Axelrod, que tem sido um companheiro em todos os passos do caminho. À melhor equipe de campanha reunida na história da política: você fizeram isso acontecer, e eu serei sempre grato pelo que vocês sacrificaram para conseguir.

Mas, acima de tudo, eu nunca esquecerei a quem essa vitória realmente pertence. Isso pertence a vocês. Isso pertence a vocês. Eu nunca fui o candidato favorito na disputa por esse cargo. Nós não começamos com muito dinheiro ou muitos endossos. Nossa campanha não nasceu nos corredores de Washington. Nasceu nos jardins de Des Moines, nas salas de Concord e nos portões de Charleston. Foi construída por homens e mulheres trabalhadores que cavaram as pequenas poupanças que tinham para dar US$ 5, US$ 10 e US$ 20 para essa causa.

A campanha cresceu com a força dos jovens que rejeitaram o mito de apatia da sua geração e deixaram suas casas e suas famílias por empregos que ofereciam baixo salário e menos sono. Ela tirou suas forças de pessoas não tão jovens assim que bravamente enfrentaram frio e calor para bater às portas de estranhos e dos milhões de americanos que se voluntariaram e se organizaram e provaram que, mais de dois séculos mais tarde, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra. Essa é a nossa vitória. E eu sei que vocês não fizeram isso só para ganhar uma eleição. E eu sei que vocês não fizeram tudo isso por mim. Vocês fizeram isso porque entendem a grandiosidade da tarefa que temos pela frente.

Podemos comemorar nesta noite, mas entendemos que os desafios que virão amanhã serão os maiores de nossos tempos - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira do século. Enquanto estamos aqui nesta noite, nós sabemos que há corajosos americanos acordando nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscar suas vidas por nós. Há mães e pais que ficam acordados depois de os filhos terem dormido se perguntando como irão pagar suas hipotecas ou o médico ou poupar o suficiente para pagar a universidade de seus filhos. Há novas energias para explorar, novos empregos para criar, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para reparar.

O caminho será longo. Nossa subida será íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato. Mas, América, nunca estive mais esperançoso do que chegaremos lá. Eu prometo a vocês que nós, como pessoas, chegaremos lá. Haverá atrasos e falsos inícios. Muitos não irão concordar com todas as decisões ou políticas que eu vou adotar como presidente. E nós sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas. Mas eu sempre serei honesto com vocês sobre os desafios que enfrentar. Eu vou ouvir vocês, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, eu vou pedir que vocês participem do trabalho de refazer esta nação, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos -bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada por mão calejada.

O que começamos 21 meses atrás no inverno não pode terminar nesta noite de outono. Esta vitória, isolada, não é a mudança que buscamos. Ela é a única chance para fazermos essa diferença. E isso não vai acontecer se voltarmos ao modo como as coisas eram. Isso não pode ocorrer com vocês, sem um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício.
Então exijamos um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, com o qual cada um de nós irá levantar e trabalhar ainda mais e cuidar não apenas de nós mesmos mas também uns dos outros. Lembremos que, se essa crise financeira nos ensinou uma coisa, foi que não podemos ter uma próspera Wall Street enquanto a Main Street sofre. Nesse país, nós ascendemos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistamos à tentação de voltar ao bipartidarismo, à mesquinhez e à imaturidade que envenenou nossa política por tanto tempo. Lembremos que foi um homem deste Estado que primeiro carregou a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre valores de autoconfiança, liberdade individual e unidade nacional.

Esses são valores que todos compartilhamos.

E enquanto o Partido Democrata obteve uma grande vitória nesta noite, isso ocorre com uma medida de humildade e de determinação para curar as fissuras que têm impedido nosso progresso. Como o ex-presidente Abraham Lincoln (1861-1865) afirmou para uma nação muito mais dividida que a nossa, nós não somos inimigos, e sim amigos. A paixão pode ter se acirrado, mas não pode quebrar nossos laços de afeição. E àqueles americanos cujo apoio eu ainda terei que merecer, eu talvez não tenha ganho seu voto hoje, mas eu ouço suas vozes. E eu preciso de sua ajuda. Eu serei seu presidente também.

E a todos aqueles que nos assistem nesta noite, além das nossas fronteiras, de Parlamentos e palácios, àqueles que se reúnem ao redor de rádios, nas esquinas esquecidas do mundo, as nossas histórias são únicas, mas o nosso destino é partilhado, e uma nova aurora na liderança americana irá surgir.

Àqueles que destruiriam o nosso mundo: nós os derrotaremos. Àqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiamos. E a todos que questionaram se o farol da América ainda ilumina tanto quanto antes: nesta noite nós provamos uma vez mais que a verdadeira força da nossa nação vem não da bravura das nossas armas ou o tamanho da nossa riqueza mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança.

Esse é o verdadeiro talento da América: a América pode mudar. Nossa união pode ser melhorada. O que já alcançamos nos dá esperança em relação ao que podemos e ao que devemos alcançar amanhã. Essa eleição teve muitos 'primeiros' e muitas histórias que serão contadas por gerações.

Mas há uma que está em minha mente nesta noite, sobre uma mulher que votou em Atlanta. Ela seria como muitos dos outros milhões que ficaram em fila para ter a voz ouvida nessa eleição não fosse por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos. Ela nasceu apenas uma geração após a escravidão; uma época na qual não havia carros nas vias nem aviões nos céus; quando uma pessoa como ela não podia votar por dois motivos - porque era mulher ou por causa da cor da sua pele. Nesta noite penso em tudo que ela viu neste seu século na América - as dores e as esperanças, o esforço e o progresso, a época em que diziam que não podíamos, e as pessoas que continuaram com o credo: Sim, nós podemos. Em um tempo no qual vozes de mulheres eram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela viveu para vê-las se levantar e ir às urnas. Sim, nós podemos. Quando havia desespero nas tigelas empoeiradas e a depressão em toda parte, ela viu uma nação conquistar seu New Deal, novos empregos, um novo senso de comunidade. Sim, nós podemos. Quando bombas caíam em nossos portos e a tirania ameaçava o mundo, ela estava lá para testemunhar uma geração chegar à grandeza, e a democracia foi salva. Sim, nós podemos. Ela estava lá para ver os ônibus em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, a ponte em Selma e um pregador de Atlanta que disse 'Nós Devemos Superar'.

Sim, nós podemos. Um homem chegou à Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo foi conectado por nossa ciência e imaginação. Neste ano, nesta eleição, ela tocou o dedo em uma tela e registrou o seu voto porque, após 106 anos na América, através dos melhores e dos mais escuros dos tempos, ela sabe que a América pode mudar. Sim, nós podemos. América, nós chegamos tão longe. Nós vimos tanto. Mas há tantas coisas mais para serem feitas.

Então, nesta noite, devemos nos perguntar: se nossas crianças viverem até o próximo século, se minhas filhas tiverem sorte suficiente para viver tanto quanto Ann Nixon Cooper, quais mudanças elas irão ver? Quanto progresso teremos feito? É nossa chance de responder a esse chamado. É o nosso momento. Esse é nosso momento de devolver as pessoas ao trabalho e abrir portas de oportunidade para nossas crianças; de restaurar a prosperidade e promover a paz; de retomar o sonho americano e reafirmar a verdade fundamental de que, entre tantos, nós somos um; que, enquanto respirarmos, nós temos esperança. E onde estamos vai de encontro ao cinismo, às dúvidas e àqueles que dizem que não podemos. Nós responderemos com o brado atemporal que resume o espírito de um povo: 'Sim, nós podemos'.

Obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América".

quinta-feira, setembro 25, 2008

Ouça aqui as entrevists realizadas pela Tropicália FM com os três candidatos a prefeito de Macaúbas.

Padre José Silva:


Amélio Costa Júnior:


Sebastião Nunes:

sexta-feira, agosto 15, 2008

Em show de João Gilberto, público sussurra e brinca de ventríloquo

João Gilberto é uma espécie de mito daqueles que todo mundo deveria ver ao menos uma vez na vida. Ontem, no Auditório Ibirapuera, o rei da Bossa Nova fez um show lindo, perfeito e provocou o público cantando várias músicas conhecidas. Provocou? Sim, provocou, porque o show do João tem algumas regras: não pode falar, não pode rir fora de hora, tem de respirar baixinho, espirrar seria um crime e nunca, jamais, a platéia canta --só se for convidada.

Veja imagens do show

Mas como ouvir ao vivo aquele senhor que toca violão como poucos cantar "O Pato" e ter força para não fazer coro em "qüém, qüém". Eu fiz, escondido, mas fiz. Mas não fui só eu não. Como em show de ventríloquo, o público mexia a boca, mas a voz era de João.


Às 23h28 [o show, previsto para as 21h, começou às 22h38], quando ele cantou "Chega de Saudade", foi o ápice do desespero da platéia. Nas cadeiras próximas à minha, um som parecido com um tipo de prece passou a ecoar no meio da música. Virei-me lentamente [sempre para não incomodar nem o músico nem meus vizinhos de assento] para ver de onde vinha aquele zunzum e percebi que um casal, abraçado e de olhos fechados, sussurrava a letra da música um no ouvido do outro, aparentemente para não ser percebido pelo cantor.


Mas João estava super bem humorado e surpreendeu o público ao ignorar, logo no início do show, a invasão do som de um Windows desligando --aquele "tam dam dam dam" (ouça como foi irritante), estrondeando mais alto que seu violão pelas caixas de som. O público ficou tenso, mas ele, o mestre da Bossa Nova, continuou cantando como se nada tivesse acontecido --que sorte a nossa.


Como na maioria dos shows, ao público é proibido fazer imagens e gravações. Essa restrição em tempos de celular 3G com câmera de 5 Mpixels desperta um jogo de esconde entre fãs e seguranças. A verdade é que quase todo mundo tenta fazer uma imagem do cantor durante os aplausos, quando é mais difícil de ser abordado por um fiscal e a sala fica mais iluminada.


Nesse ponto eu não tive tanta sorte. Na ânsia de registar o disputado show e de capturar uma simples imagem do cantor no palco para ilustrar a reportagem sobre o espetáculo, minha técnica foi desastrosa. Não é fácil mirar o artista e ocultar o aparelho celular que emana luz delatando o ato aos seguranças e conseguir uma boa foto. Na minha recordação digital, João Gilberto aparece como uma bola de luz branca embaçada. Poderia ser qualquer um, mas eu juro que é ele.
Além de bem disposto, João não estava com pressa: cantou 30 músicas, conversou com o público, contou histórias, arrancou risos, declarou amor a São Paulo dizendo "I love you" e elogiou o hotel Maksoud Plaza, onde está hospedado. Rápido mesmo foi só o trajeto de saída e retorno ao palco na hora do bis, pit stop de 47 segundos, quase que não deu tempo de bater palmas, mas ele foi aplaudido sim, muito e com todo o público em pé.

Após cantar "Garota de Ipanema", música com que encerrou a noite e que o público também acompanhou apenas mexendo a boca, sem dizer nada, ele pegou seu violão e saiu. Aí, sim, deu tempo de oferecer a João um aplauso longo, emocionado e satisfeito. Ele não voltou.


O que João cantou:

01- "Aos Pés da Cruz"
02- "13 de Ouro"
03- "Wave"
04- "Caminhos Cruzados"
05- "Doralice"
06- "Meditação"
07- "Preconceito"
08- "Disse Alguém"
09- "O Pato"
10- "Corcovado"
11- "Samba do Avião"
12- "Lígia" [sem dizer nenhuma vez "Lígia"]
13- "Você Já Foi à Bahia?"
14- "Rosa Morena"
15- "Morena Boca de Ouro"
16- "Desafinado"
17- "Estate"
18- "Só Vou pra Casa"
19- "Chega de Saudade"
20- "Isto Aqui o que É"

Bis

21- "Chove Lá Fora"
22- "O Nosso Olhar"
23- "Bahia com H"
24- "Da cor do pecado"
25- "Samba de uma Nota Só"
26- "Retrato em Branco e Preto"
27- "Samba de uma Nota Só"
28- "Guacyra"
29- "Pra Machucar Meu Coração"
30- "Garota de Ipanema"

Texto e fotos de LIGIA BRASLAUSKAS, editora da Editora da Folha Online

Recortado de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u433810.shtml
João Gilberto chega atrasado em show de SP

O cantor e compositor João Gilberto, 77, foi aguardado por mais de uma hora pelo público que compareceu na noite desta quinta-feira (14) ao Auditório Ibirapuera, em São Paulo, onde apresentou o primeiro show em homenagem aos 50 anos da bossa nova.

Neste videocast, o repórter da Ilustrada Miguel Arcanjo Prado acompanhou a movimentação do público antes do espetáculo.




A escritora Danuza Leão, irmã mais velha da cantora Nara Leão, era uma das presentes. Ela contou que acompanhou de perto o nascimento da bossa nova. "Tudo começou no apartamento dos meus pais", falou, já que foi no famoso apartamento da avenida Atlântica, no Rio, que os jovens criadores da bossa nova se reuniam no final dos anos 50 para tocar violão.

O cenógrafo Cyro del Nero lembrou que trabalhou com João Gilberto em um show da TV Tupi, em 1972. "Ele é extremamente exigente", disse. Ele ainda lembrou as participações na televisão que João Gilberto fazia no programa de Bibi Ferreira, na TV Excelsior, no começo da década de 60.

Anônimos também marcaram presença, como dois japoneses que estavam dispostos a pagar R$ 1.000 por uma entrada. Depois de permanecer na porta do auditório com placas dizendo que queriam ingressos, eles conseguiram comprar um par na mão dos cambistas.

João Gilberto chegou em um carro preto, às 22h11, e foi recebido por um grande grupo de fotógrafos, repórteres e cinegrafistas. O show começou às 22h37 e terminou pouco depois da meia-noite. João Gilberto estava de bom humor e não se irritou nem com um telefone celular que tocou durante sua apresentação.

Recortado de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u433542.shtml

terça-feira, agosto 12, 2008

Jung é considerado místico, confuso e bígamo


Dentre os primeiros exploradores do inconsciente, o suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) é um dos mais contraditórios. Depois de aliar-se a Freud, o criador da psicanálise, Jung criou uma escola própria, ampliada e praticada por muitos, em todo o mundo. Ainda hoje ele é considerado místico, confuso, simpatizante do nazismo e bígamo.


Esta semana, o quadro "Olhar Literário", mostra uma entrevista com o autor Tito R. de A. Cavalcanti, que fala sobre este trabalho que sintetiza os principais temas da obra de Carl Gustav Jung.





O livro também trata da união de Jung com Freud, que durou sete anos e foi interrompida pelo fato de os dois não concordarem a respeito da teoria do inconsciente. Isto fez com que Jung criasse uma escola própria, ampliada e praticada por muitos desde então, ao redor do mundo.


O psiquiatra suíço passou muito tempo na obscuridade. No Brasil, sua obra tem pouca repercussão nas universidades, se comparado às obras de Freud e Lacan, por exemplo, e, não raro, seu nome aparece associado ao misticismo, ao nazismo e à bigamia.


O autor de "Jung", Tito R. de A. Cavalcanti, é analista junguiano, formado pela Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica.


"Jung"

Autor: Tito R. de A. Cavalcanti

Editora: Publifolha

Páginas: 96

Quanto: R$ 17,90

Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha



Recortado de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u423335.shtml

sábado, agosto 09, 2008

Bebida considerada "paixão nacional" ganha novos sabores.

Considerada paixão nacional, a cerveja tem ganhado novas formas e sabores, resultado da fabricação artesanal feita por pequenas empresas. Com isso, o apreciador tem descoberto as inúmeras variedades da bebida considerada "paixão nacional".

No programa "Boa Vida" desta semana, a repórter Marina Fuentes entrevista o empresário Evandro Amidani, proprietário de um bar, em São Paulo, especializado em cervejas premium.


De olho neste mercado em crescimento, a Schincariol comprou recentemente a catarinense Eisenbahn. Além disso, outras microcervejarias com boa aceitação no mercado, como a paulista Baden Baden, a pernambucana Igarassu e a carioca Devassa, já haviam sido adquiridas pela empresa no ano passado.

Em seu estabelecimento, Amidani conta com 25 marcas diferentes, todas nacionais. "Ao abrir o bar, a idéia era oferecer um produto diferente". Apesar do crescimento da procura pelo tipo de produto, o empresário diz que o brasileiro ainda desconhece a quantidade de cervejas disponíveis e de boa qualidade existentes no mercado.


Para o consumidor que pouco conhece sobre as cervejas artesanais, Amidani aconselha a brincadeira da experimentação, ou seja, a saída em grupo aos bares que disponibilizam a bebida. Em vez de pedir um só tipo de cerveja, cada um faz o pedido diferente. Com isso, todos podem experimentar a sua bebida e a dos amigos.

Recortado de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u430526.shtml
Meu compromisso de postar diariamente não foi cumprido... Vou tentar mais uma vez imprimir uma preiodicidade nas postagens, mas dessa vez sem prometer.

sábado, julho 26, 2008

Das interessantes da semana...


感霖羊!, upload feito originalmente por HEI !.

...como tá um clima de olimpiada, escolhi essa.

A lei não é para qualquer um


"Cabral soma 34 pontos na CNH e não tem carteira suspensa pelo Detran"

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/07/25/ult5772u442.jhtm


O pior de tudo isso é que meus amigos vivem me contando histórias de como fizeram alguma coisa fora da lei.

Alguns dão dinheiro para polícia, outros fazem uma reforma em casa sem licença, outros sonegam impostos ou compram produtos piratas e um monte de coisas que nem parecem importantes.

E eu vivo dizendo que é tudo por causa do exemplo. Se os governantes e os homens que têm poder dessem o exemplo, as pessoas não seriam encorajadas a fazer coisas fora da lei.

A sensação de impunidade é tão grande para quem tem dinheiro, que as leis parecem ser feitas somente para quem não tem dinheiro ou tem pouco.

Outro dia estava andando com um amigo e fomos atravessar a pé a rua da Consolação. Eu insisti para atravessarmos na faixa de pedestres. Ele já achou estranho e quando eu tentei convencê-lo a esperar o farol abrir ele já estava do outro lado da rua, rindo da minha cara.

Numa esculhambação geral, quem tenta fazer a coisa certa acaba ficando com cara de nerd ou de babaca. Nem sempre eu espero pelo farol abrir, mas outro dia recebi 2 hospedes dinamarquesas e elas ficaram chocadas com o jeito que atravessamos as ruas aqui no Brasil. Na Dinamarca eles só usam a faixa e mesmo numa rua sem carros, eles esperam pelo farol. Parece coisa de gente bitolada, mas se uma lei existe, deve ser respeitada mesmo quando não tem ninguém olhando.

Parece que lá, um político faz de tudo para não fazer nada fora da lei. Eles têm uma noção de que os políticos são os responsáveis pela manutenção da lei. Aqui parece que um sujeito quer ser político, justamente para poder ficar livre das leis.


Escrito por Duilio Ferronato às 10h11, copiado por João Fontoura às 0h32

sexta-feira, julho 25, 2008

California dreaming

Vida chata, a do Schumacher?

A Ferrari informa que o alemão está passando a semana em Fiorano testando a Califórnia, novo modelo da marca, a ser lançado no Salão de Paris, em outubro.

O carro, constatação óbvia, é sensacional.

E o site que fizeram pra ele também. Dê uma olhada
aqui e clique em "virtual test drive". Vale a pena.
Ferrari

Schumacher, nos míticos boxes de Fiorano


Copiado do blog de Fábio Seixas, às 23h51, que escreveu originalmente esse post às 11h16
Estou precisando trabalhar, me impor, uma disciplina. Vou tentar a partir de hoje ter uma assiduidade diária a esse blog, terei que postar uma palavra, uma imágem, escrever um texto, um ponto, um lik de indicação, quarquer coisa, mas terá que ser diário...

domingo, maio 18, 2008

Ata do Dia do Rango de Maio de 2008


Numa sombria e chuvosa tarde de domingo, 18 de maio de 2008, reuniram-se na casa de João B., n 75 do Condomínio Aldeia Jaguaribe, nós os integrantes abaixo assinados da Confraria Dia do Rango para degustarmos o cardápio de comida Jamaicana.

O dono da casa, registre-se que debutando a sua casa como anfitriã no Dia do Rango, nos recebeu alegremente com vinte e quatro unidades com 600ml cada de Skol, resfriada a uma temperatura próxima a 0 grau centígrados, porém com um pouco de sobressalto em razão da grande demora da chegada dos integrantes, que se deu por volta das 3 da tarde.

O DDR do mês de maio foi prejudicado por uma esbórnia realizada na noite do sábado que antecedeu a este dia, em que grande parte dos integrantes do DDR se entregou, deixando um desses, Mura, abatido em casa, sem condições de participar. A farra, não só deixou combalido o “moral da tropa” como também fez estragos no orçamento do mês de alguns.

Segundo a autora do relato do registro no Livro Ata, frise-se que como em muitas outras vezes, relatos tendenciosos e desconectados da realidade, afirma que “alguns caranguejos estão com síndrome de playboys”, fundamentando ela sua convicção em razão dos lugares freqüentados ultimamente.

Deixando a farra de lado e entrando no domingo do DDR propriamente dito, a comida foi servida por volta das 17h e 30min. O cardápio jamaicano previamente decidido, foi composto por: Meatlof, preparado por Fabiano e Juliana, Rice and Peas, by Iara I., Jerk Chicken, by Paulinha; Brown Stew Fish, by Marrom.



IMG_0724, upload feito originalmente por joaofontoura.



A sobremesa é um capítulo a parte, pois, mais uma vez, confiamos em Piriquito e ele para comprovar a má fama, não cumpriu com as suas obrigações com o DDR. Decidiu-se então que como punição, ele fará para o próximo encontro um brigadeiro jamaicano sem poder cobrar os custos para o restante do grupo.

Outra decisão que afetará o futuro do DDR foi a criação de um fundo de reserva para futuras aquisições de material permanente ou para indenizações por possíveis danos. Uma das sugestões foi de comprar uma lente para a máquina fotográfica de João F.

Sobre o que antecedeu a preparação dos pratos, fato que não podemos nos furtar do registro foi a confusão feita por Iara I. com a sua receita. Primeiro a dificuldade na tradução da receita que, originalmente na língua inglesa, contou com a ajuda de Beth, Piriquito e Rafael. Em seguida, já traduzida, um dos ingredientes essenciais para a preparação do prato era o tomilho. A autora, por desconhecer tal condimento, e através de livre dedução, achou que usando da sintaxe e eliminando as duas primeiras letras do ingrediente, não atingiria a semântica, e mandou ver, enchendo o arroz com milho.

Para se justificar, primeiro ela quis creditar tal “lapso” a falta de prática culinária, alegando ser uma mulher do século XXI que não tem tempo para dedicação às artes culinárias, esquecendo ela que tal problema não está na ordem das prendas domésticas, mas, é sim, um caso de estudo para Beth. Quando ela percebeu a inconsistência de seus argumentos, tentou carregar para o mesmo barco, Marrom, afirmando que ele também confirmou que tomilho e milho poderiam ser substituídos por compatibilidade, e Piriquito, que em edição recente do DDR, achou que poderia trocar leite por leite de coco.

O custo individual dessa edição ficou em R$ 16,00, sendo que o cálculo realizado por Marrom, e depois que todos pagaram, acabou sobrando R$ 15,00. Compondo assim, juntamente com o título de crédito da dívida de Luiza, o primeiro saldo em caixa do DDR.

Em seguida, utilizando-se da metodologia do ABC, ficou definido que a letra que nos guiaria a escolha para o tema da próxima edição seria a letra “A”. Diversas sugestões foram dadas e depois de algumas eliminações, sobraram para a rodada final de votação, comida da Argentina e da Antuérpia. Por quase unanimidade foi escolhida como tema para o próximo DDR, comida da Antuérpia.

Essa sugestão e posterior escolha foi um capítulo a parte nesse DDR, a proposta Antuérpia, foi de Piriquito, e foi dada, como de costume, na provocação, no mesmo estilo de outras, de sempre, como comidas terminadas em “ada” e “junk food”, porém dessa vez a assembléia resolveu acatar a sugestão, até pela excentricidade e possibilidade de adquirir novos conhecimentos. O problema é que a sugestão foi dada como se Antuérpia fosse um país e assim, através de uma pesquisa, pudéssemos saborear um cardápio típico daquele "país".





Enquanto Piri tentava localizar o tal “país”, primeiro dizendo que ele ficava no continente africano e depois como tivesse se enganado e agora com uma entonação de certeza absoluta, afirmou: “não, não, já estou ligado onde fica. Ele fica na Ásia, alí perto do Cazaquistão”, Tati, não perdeu tempo, foi a internet e descobriu que a Antuérpia é, na verdade, a segunda maior cidade da Bélgica.

Vale o registro da estupefação do irmão de João B. que após uma pequena aula sobre a cidade, não acreditava que “comemos mosca” deixando passar uma dessas.


No fim, outra decisão de peso e coragem do DDR, foi o indicativo de que seria proposto um processo judicial, denominado “Ação Monitória” em que com a cópia autenticada da Ata do DDR de outubro de 2006, na qual está a declaração da dívida, e a de setembro de 2007, onde está a ratificação da dívida, fundamentaria uma execução em desfavor de Luiza que há quase dois anos deve ao DDR R$ 21,00. Assim, com a propositura da ação e a consequente marcação de audiência para tentatica de conciliação, acabamos por definir como local para o próximo DDR a casa da própria Luiza.

Para encerrar, ficou decidido que, como Antuérpia não é país, mas sim cidade e, na impossibilidade de definirmos um cardápio típico de tal lugar (cidade), tomaríamos como tema, comida belga e que João F. faria um orçamento de cervejas belgas, já que são as melhores do mundo, para degustarmos junto com a comida.

Iara I.
Bianca L.
Gabriela P.
João F.
Tatiana B.
Juliana c.
Rafael M.
Fabiano A.
Ana Paula L.
Oiampí R.
João B.
Ricardo M.

quinta-feira, maio 01, 2008

Política, revolta, repressão, minorias, psicodelia, hippies, sexo, drogas & rock'n roll.

Quarenta anos depois do revolucionário ano de 1968, é possível sentir as conseqüências e mudanças sociais que vêm ocorrendo desde aquela época. Minissaia, homens com cabelos compridos, liberdade política e liberação sexual, por exemplo, apesar serem temas recorrentes atualmente, são apenas alguns resquícios das lutas das pessoas que se manifestaram em Paris, e cujo movimento acabou ganhando força em outros países.

Os nascidos após a década de 70 talvez não saibam da importância do ano de 1968 e, principalmente, do Maio de 68 para as gerações anteriores. Talvez não saibam também da importância dos eventos ocorridos nesse ano para as suas próprias gerações e para a conformação da sociedade contemporânea.

1968 é o ano do psicodelismo, da liberdade sexual, da luta dos negros, do feminismo, das reivindicações minoritárias. O movimento hippie fervilhava, chocando uma sociedade permeada por antigos padrões de moralidade. Estudantes iam às ruas protestar contra as guerras e a expansão imperialista.


É nesse ano que ocorre, na França, o Maio de 68, um dos momentos mais marcantes da história do país, que provocou impacto em diversos outros países, inclusive no Brasil.

Em maio de 1968, estudantes universitários franceses deram início a uma série de acontecimentos que tomaram uma proporção que nem eles imaginavam. Inicialmente, os estudantes protestavam contra uma estrutura universitária anacrônica, conservadora. “A universidade que freqüentam imita a sociedade, imita a fábrica” disseram sobre o período Angelo Quattrocchi e Tom Nairn, no livro O começo do fim, sobre Maio de 68 na França. Os estudantes erguem barricadas por toda a cidade e na conhecida “noite das barricadas” inúmeros carros são incendiados. A polícia reprimiu a manifestação severamente, entrando em confronto direto e violento com os estudantes.

A repressão policial, ao invés de por fim à manifestação dos estudantes, fez com que mais estudantes, além de camponeses, operários, professores, bancários e desempregados se unissem aos manifestantes. O que começou como um movimento estudantil localizado se transformou em uma greve geral envolvendo cerca de 10 milhões de trabalhadores que protestava contra a violência policial e contra o governo de Charles de Gaulle, então presidente da França. “A imaginação no poder” e “é proibido proibir” eram alguns dos gritos de ordem do movimento.

Diante de tamanha crise, a classe patronal entra em acordo com os sindicatos e garante um aumento salarial, mas os operários não abandonam as greves. No dia 30 de maio, De Gaulle, pelo rádio, apela pela ordem e anuncia eleições legislativas para junho. As coisas começam a se acalmar, e após a morte de um estudante durante os distúrbios no Quartier Latin, a crise estudantil chega ao fim. Não se pode dizer o mesmo da situação política. Apesar de sair reforçado das eleições legislativas, de Gaulle acaba por deixar o cargo em 1969, após uma derrota política.

O ano de 68 no mundo
A agitação política e estudantil não se limitou à França. É nesse ano que na então Tchecoslováquia acontece a Primavera de Praga. Alexander Dubcek é eleito ministro e propõe uma reforma na estrutura autoritária do país, um socialismo humanitário, uma verdadeira “desestalinização”. Nos Estados Unidos, estudantes protestam contra a Guerra do Vietnã.


No Brasil, os estudantes também vão às ruas. Em junho do mesmo ano, no Rio de Janeiro, a Marcha dos Cem Mil reúne além de estudantes, intelectuais, artistas e militantes políticos que se manifestam contra o Regime Militar e em memória a Edson Luís, estudante morto três meses antes por um policial. No Brasil, os estudantes também protestam contra a reforma universitária proposta pelo Ministério da Educação.

Os estudantes podem não ter derrubado as instituições políticas, mas com certeza fizeram com que elas tremessem. Para muitos historiadores e intelectuais, o mundo não foi o mesmo depois de Maio de 68.

É proibido proibir!

A década de 60 foi marcada por diversos acontecimentos cujas conseqüências são sentidas até os dias atuais. A emergência e fortalecimento do Feminismo, os movimentos negros e de homossexuais, que configuram a revolução comportamental ocorrida à época, são um reflexo das mudanças que estavam surgindo na sociedade, nos âmbitos cultural e político.

A Guerra Fria, a Guerra do Vietnã, o movimento de contracultura representada pelos hippies, a Revolução Cubana e independência de alguns países africanos serviram de terreno fértil para as manifestações contra os valores tradicionais, que estavam com suas bases enfraquecidas, e contra o sistema político estabelecido.

As manifestações culturais andaram no mesmo caminho das manifestações políticas, tendo como adeptos, principalmente, esquerdistas e anarquistas. Todas as reivindicações eram o reflexo da insatisfação de uma parcela da sociedade, que viviam à margem das decisões. Todo esse contexto serviu de terreno fértil para os acontecimentos de maio de 1968.

Força Estudantil

A movimentação de estudantes ocorrida em 1968, em Paris, descontentes com a disciplina e estrutura acadêmica conservadoras, gera o confronto entre jovens e policiais durante o mês de maio daquele ano.

Não apenas os problemas da Universidade de Nanterre ganharam destaque no centro das discussões, mas também a situação social e política do país, além do desgaste provocado pela guerra de independência de Argélia ganharam voz nesse embate. A estrutura da família, assim como a do Estado, foi contestada, buscando maior liberdade entre pais e filhos.

O movimento não influenciou apenas os jovens franceses contrários à situação vigente, mas também pessoas de outros países, que viram nas manifestações um momento importante de mudança e de protesto contra as ocupações imperalistas, sustentadas pelo capitalismo, a situação pós-Segunda Guerra, além dos conflitos sangrentos e ditaduras que estavam emergindo em várias regiões, inclusive no Brasil.

Até mesmo os meios de comunicação de massa foram alvo das manifestações. Vistos como espaço de manipulação da opinião pública, que divulgavam e idolatravam os valores do capitalismo, e consequentemente idéias contrárias ao socialismo, esses meios foram bastante criticados.

Nova Esquerda
Nesse momento, não só o proletariado era visto como agente de transformação social, mas também, e principalmente, os jovens, as minorias étnicas e os excluídos da sociedade burguesa eram forças importantes para a mudança da história. Herbet Marcuse, filósofo político e social alemão, foi um dos idealizadores da Nova-Esquerda (ou New-left), cujas idéias influenciaram milhares de pessoas e ajudaram a formar opiniões.

Arte e Música em 68

Na música e nas artes o ano de 1968 serviu mais como a sublimação do que aconteceu na década de sessenta (The sixties ou 60’s) e o que estava por acontecer como resultado de uma revolução da estrutura social e familiar, lealdades ideológicas e legados culturais.

O ano de 1968 em particular, em todos os continentes do mundo, aconteciam simultaneamente, o que gerou teorias conspiratórias de uma orquestração de manifestações, movimentos questionadores de comportamentos arraigados na sociedade. Foi um ano de ruptura do prosaico.



Swinging London

The sixties marcou o surgimento de um novo estilo musical que influenciou muito o que conhecemos hoje nos estilos pop, rock e na música eletrônica. Com os Estados Unidos imerso na campanha da Guerra do Vietnã e a Europa após a segunda Guerra e impulsionada pelos efeitos do Plano Marshall vivia um momento de prosperidade sem precedentes, numa euforia que se denominou de "swinging sixties". Nesse clima marcou o surgimento de grandes bandas como The Beatles, The Rolling Stones, The Who, Pink Floyd, e tantas outras.

A estética gerada ao redor dos 60's e na análise sociológica dos costumes pós-guerra foi um fascínio pela excentricidade, deslumbrante e hedonista da vivência da burguesia urbana, atualmente revestidos de uma aura de culto, em que as boates da moda explodiam ao som de músicas mod, lotadas por gente de todo planeta.

Nesse contexto, o movimento de maior impacto foi a Arte Pop. Artistas como Helio Oiticica, Andy Warhol, Yoko Ono, Roy Lichetenstein e Robert Indiana usaram irreverência e ironia em seus trabalhos. Warhol usava imagens repetidas de símbolos populares da cultura norte-americana em seus quadros, como as latas de sopa Campbell, Elvis Presley e Marilyn Monroe.

No ritmo de todas as mudanças dos anos 60, o cinema europeu ganhava força com a nouvelle vague do cinema francês, "Acossado", de Jean-Luc Godard, se tornaria um clássico, paralelo ao neo-realismo do cinema italiano, que influenciaram o surgimento, o cinema novo no Brasil, que teve Glauber Rocha como um dos seus iniciadores, contrastando com as caras produções da época e destacando a importância do autor em detrimento do formalismo e dos excessos técnicos, ao contrário dos estúdios de Hollywood.




No Brasil, mesmo sob a censura imposta pela ditadura e o que se seguiria nos chamados anos de chumbo, que foi o período mais repressivo da ditadura militar com a edição do Ato Institucional nº 5, em 1968, a explosão criativa e de grande qualidade da Tropicália, um movimento cultural de vanguarda e sob a influência da culura pop, influenciada principalmente pelos movimentos que aconteciam na europa. Os seus maiores ícones foram Os Mutantes, os baianos Tom Zé, Capinam, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia (esses quatro formavam Os Doces Bárbaros) e Waly Salomão, o piauiente Torquato Neto, Jorge Ben e o maestro Rogério Duprat.

Uma das descrições mais marcantes da juventude dos anos 60 é feita por Arnaldo Jabor numa de suas colunas (para assinantes), quando ainda escrevia para a Folha de São Paulo, afirma que o jovem ativista dos anos 60, não tinham a liberdade de expressão e pensamento como existe hoje, mas se sentiam com poder, donos do mundo, “ator de um tempo importante”, ao contrário dos jovens de hoje que ele considera um “fetiche de consumo”, que apesar da liberdade de expressão e da globalização, os jovens de hoje não se sentem mais com o poder de mudar o mundo.

Arnaldo Jabor:

Sobre o poder

Eu me sentia proprietário do sol, do mar. Ipanema era nossa, de um bando de pequeno-burgueses iludidos, mas era nossa. Era uma conjunção astral rara: os Beatles, o psicodelismo, a indústria nascente do jovem, a revolução utópica. Naquela época, de 59 até 68, éramos o ‘sistema’, éramos a lei e o desejo.


Sobre a liberação sexual
Vocês hoje são muito mais livres, apesar da Aids, mas vocês não têm uma coisa maravilhosa que vivemos aos 20 anos: a repressão. Vocês ficam entediados de tanta oferta fácil, o sexo perdeu a aura de novidade de antes. As meninas tinham pânico de engravidar, empacavam nas portas dos apartamentos, tinham de ser embebedadas para permitirem uma sacanagem mais caprichada.
Graças a Deus, fomos salvos pela pílula anticoncepcional. Foi um sol. As meninas passaram a dar. Mas não era esse ‘dar’ comum, desglamourizado de hoje, esse ‘fast sex’, não. Era um ‘dar’ ainda mutilado pelo temor do novo, ainda com perfume de pecado, ainda com o doce olho mágico do superego paterno, ainda era um sexo com sabor de crime.
E, mais, a menina não estava só ‘dando’, o rapaz não estava só ‘comendo’; era um ato político, sim, senhor; estávamos ali, no sofá-cama rasgado do apartamento emprestado, inaugurando um novo tempo, uma ‘era de Aquário’, sei lá, pois ainda não havia motéis, só permitidos a partir de 67. O motel matou o encanto da tesão proibida. Ali, no canto escuro da rua, entre dois andares do edifício, vivíamos a liberdade do Marcuse mal lido, pois éramos ‘moda’. E, mais, as moças eram mais atiradas que nós. Elas era ávidas do sexo sem barriga, eram guerreiras desbravando o amor. Ahhh... As mulheres do meu tempo...

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Matéria publicada no caderno +Mais da folha deste domingo, 24/02/2008.

Produtor fala sobre o polêmico "Muito Além do Cidadão Kane" e diz que a criação de uma TV pública no Brasil vem tarde demais

A tela fora do lugar

DIÓGENES MUNIZDA
FOLHA ONLINE

O professor britânico John Ellis, 55, do departamento de mídia e artes da Universidade de Londres, diz nunca ter dado uma "entrevista profunda" sobre o documentário "Muito Além do Cidadão Kane". Simon Hartog, diretor do filme, morreu em 1992, antes mesmo de a obra ser exibida no Reino Unido. Ellis tornou-se assim uma testemunha rara dos bastidores de um dos mais polêmicos filmes sobre a mídia e a política brasileiras. Transmitido pela primeira vez em 1993, no canal britânico Channel 4, o filme usa o empresário Roberto Marinho (1904-2003) como metonímia da concentração da mídia no Brasil -daí a referência a Charles Foster Kane, personagem criado por Orson Welles em "Cidadão Kane" (1941). Políticos como Leonel Brizola (1922-2004), Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) e Luiz Inácio Lula da Silva -apresentado como líder sindical- falam sobre a emissora no filme. Hoje, ao comentar o governo Lula em entrevista à Folha, Ellis critica a criação de uma TV pública no Brasil. "Talvez seja tarde demais", pondera, por e-mail, de Londres. Completando 15 anos, "Muito Além do Cidadão Kane" nunca foi transmitido pela TV brasileira -nem poderia, por questões de direitos de imagem. Virou, apesar disso, ou talvez por isso, um ícone na luta pela democratização do acesso à informação desde os anos 90, quando já circulava em VHS nos sebos e nas universidades. O documentário, que custou cerca de US$ 260 mil [R$ 445 mil] à extinta produtora independente Large Door, na qual Hartog e Ellis eram sócios, já foi visto cerca de 800 mil vezes na internet. Nos fóruns da rede, é elogiado, criticado e ganha a alcunha de "a história proibida da Rede Globo".

FOLHA - O que acha de o governo Lula tentar erguer uma TV pública?
ELLIS - Talvez seja tarde demais para a criação de uma TV pública. O que ela mostraria na maior parte do tempo? Há, claro, sempre espaço para uma melhora da informação pública na TV, tanto em notícias, em programas factuais, quanto nos assuntos presentes nas novelas, e como eles são abordados. A experiência no Reino Unido mostra que a TV pública deve ser separada do governo. Esse modelo de TV pública é possível no Brasil?
Nenhum governo que eu conheço iria querer criar agora uma empresa de telecomunicações se não pudesse controlá-la diretamente. Especialmente agora, quando há muitas TVs espalhadas pelo mundo. O serviço público de TV na Europa foi iniciado em uma época em que a TV era uma novidade. Mesmo que a BBC seja separada do poder, quando a emissora foi realmente contra o governo em questões políticas específicas, o governo conseguiu reagir de maneira bem-sucedida contra essa oposição.
O sucesso da TV pública independente no Reino Unido não foi propriamente na área da política. Entretanto foi bem-sucedida na educação pública, sobre temas locais importantes, na participação social, na proteção do consumidor e até em melhorar o padrão geral dos programas no país.

FOLHA - O sr. acha que o documentário "Muito Além do Cidadão Kane" ainda é atual?
ELLIS - Ele descreve uma situação que evoluiu, mas não sei bem qual é a profundidade dessas mudanças. O filme é bem-sucedido também, com a ajuda de muitos arquivos que permitem fazer essa oposição, em contar a história do crescimento da dominação da Globo na mídia brasileira. Essa é uma história importante e deveria ser conhecida pelo menos por todos que estão estudando a mídia nas universidades e qualquer pessoa que estiver interessada na história política do Brasil.

FOLHA - Há quem diga que o Channel 4 encomendou seu documentário para atacar a Globo, que ameaçava entrar no mercado europeu de TV. Isso é verdade?
ELLIS - Definitivamente não. O objetivo do programa era justamente entender a TV no Brasil. No passado, o Channel 4 exibiu pelo menos uma novela da Globo ("Escrava Isaura"), mas a produção não foi um grande sucesso. Há uma enorme diferença entre a cultura das TVs do norte e do sul da Europa. A Globo teria mais chances em mercados como Espanha, Itália, Grécia ou, especialmente, Portugal, mas não no Reino Unido. A competição no Reino Unido vem das empresas norte-americanas e das empresas de Rupert Murdoch (News International, BSkyB e o conglomerado da Fox).

FOLHA - O filme foi proibido?
ELLIS - Isso não é verdade. A Large Door concedeu o direito de exibir o programa em eventos e em público a diversas organizações no Brasil. Não poderia ser transmitido pela televisão porque muitas imagens pertencem à TV Globo. Fiquei sabendo que o vídeo foi mostrado em muitos eventos públicos no Brasil. Ele foi feito por meio da lei britânica de direitos autorais, que permite o uso de trabalhos escritos e, por extensão, audiovisuais, desde que "com o propósito de fazer comentários e revisões críticas" [sobre aquela obra]. O documentário foi finalizado por Simon em março de 1992. Ele entrou em coma no início de junho daquele ano e morreu em 17 de agosto sem ter recobrado a consciência. Eu supervisionei a revisão do programa e a inclusão de uma entrevista para atualizar o filme, que foi ao ar em maio de 1993. No Brasil, talvez você possa considerar que o filme é proibido, já que a recusa da Globo em ceder os direitos de exibição de suas imagens significa que ele não pode ser transmitido por canais brasileiros.

FOLHA - O documentário é apontado por alguns como um produto manipulador, que usa uma falsa linearidade para induzir o público a acatar sua posição.
ELLIS - Toda representação "manipula" o público. O filme tem uma narração linear exatamente porque quer mostrar o crescimento do poder da mídia durante um período difícil da história moderna do Brasil. Ele foi feito para uma audiência no Reino Unido que não sabia nada sobre a história do Brasil, não se esqueça! Deveria haver outras narrativas sobre essa história também.

FOLHA - Nos últimos anos, o Brasil viu se intensificar uma guerra entre a Record e a Globo. O sr. tem acompanhado?
ELLIS - Não tenho acompanhado de perto esse essa história. Mas sei que duas empresas estavam interessadas em comprar os direitos de "Muito Além do Cidadão Kane" no Brasil quando ele foi mostrado pela primeira vez no Reino Unido. Uma era a própria Globo.Eles perderam o interesse quando disse a eles que poderiam comprar os direitos de TV, mas não as licenças para exibição em público e a distribuição de VHS, já que esses direitos já haviam sido concedidos a outras organizações no Brasil.A outra empresa era a TV Record. A igreja [Universal do Reino de Deus] já tinha uma filial em Londres naquela época. Mas percebeu que haveria uma disputa judicial com a TV Globo a respeito das muitas imagens retiradas da programação deles. Então decidiu não comprá-lo.